Há diferentes formas de jejuar. As que encontramos na Bíblia são:
Jejum PARCIAL
Normalmente o jejum parcial é praticado em períodos maiores ou quando a
pessoa não tem condições de se abster totalmente do alimento (por causa do
trabalho, por exemplo). Lemos sobre esta forma de jejum no livro de Daniel:
“Naqueles
dias, eu, Daniel, pranteei durante três semanas. Manjar desejável não comi, nem
carne, nem vinho entraram em minha boca, nem me ungi com óleo algum, até que se
passaram as três semanas.” (Dn 10.2,3).
O profeta Daniel diz exatamente o quê ficou sem ingerir: carne, vinho e
manjar desejável. Provavelmente se restringiu à uma dieta de frutas e legumes,
não sabemos ao certo. O fato é que se absteve de alimentos, porém não
totalmente. E embora tenha escolhido o que aparentemente seja a forma menos
rigorosa de jejuar, dedicou-se à ela por três semanas.
Em outras situações Daniel parece ter feito um jejum normal (Dn 9.3), o
que mostra que praticava mais de uma forma de jejum. Ao fim deste período, um anjo
do Senhor veio a ele e lhe trouxe uma revelação tremenda. Declarou-lhe que
desde o primeiro dia de oração o profeta já fora ouvido (v.12), mas que uma
batalha estava sendo travada no reino espiritual (v.13) o que ocorreria ainda
no regresso daquele anjo (v.20). Aqui aprendemos também sobre o poder que o
jejum tem nos momentos de guerra espiritual.
Jejum NORMAL
É a abstinência de alimentos
mas com ingestão de água.
. Foi a forma que nosso Senhor adotou ao jejuar no deserto. Cresci
ouvindo sobre a necessidade de se jejuar bebendo água; meu pai dizia que no
relato do evangelho não há menção de Cristo ter ficado sem beber ou ter tido
sede (e ele estava num deserto!):
“Jesus,
cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi guiado pelo mesmo Espírito, no
deserto, durante quarenta dias, sendo tentado pelo Diabo. Nada comeu naqueles
dias, ao fim dos quais teve fome.” (Mt 4.2).
Denominamos esta forma de jejum como normal, pois entendemos ser esta a
prática mais propícia nos jejuns regulares (como o de um dia).
Jejum TOTAL
É abstinência de tudo, inclusive de água.
Na Bíblia encontramos poucas menções de ter alguém jejuado sem água, e
isto dentro de um limite: no máximo três dias.
A água não é alimento, e nosso corpo depende dela a fim de que os rins
funcionem normalmente e que as toxinas não se acumulem no organismo. Há dois
exemplos bíblicos deste tipo de jejum, um no Velho outro no Novo Testamento:
1) Ester, num momento de crise em que os judeus (como povo) estavam
condenados à morte por um decreto do rei, pede a seu tio Mardoqueu que jejuem
por ela: “Vai, ajunta a todos os judeus que se acharem em Susã, e
jejuai por mim, e não comais, nem bebais por três dias, nem de noite nem de
dia; eu e as minhas servas também jejuaremos. Depois, irei ter com o rei, ainda
que é contra a lei; se perecer, pereci.” (Et 4.16).
2) Paulo, na sua conversão também usou esta forma de jejum, devido ao
impacto da revelação que recebera: “Esteve três dias sem ver, durante
os quais nada comeu, nem bebeu.” (At 9.9).
Não há qualquer outra menção de um jejum total maior do que estes (a não
ser o de Moisés e Elias numa condição diferente que explicaremos adiante). A
medicina adverte contra um período de mais de três dias sem água, como sendo
nocivo. Devemos cuidar do corpo ao jejuar e não agredi-lo; lembre-se de que
estará lutando contra sua carne (natureza e impulsos) e não contra o seu corpo.
A DURAÇÃO DO JEJUM
Quanto tempo deve durar um jejum?
A Bíblia não determina regras deste gênero, portanto cada um é livre
para escolher quando, como e quanto jejua. Vemos vários exemplos de jejuns de
duração diferente nas Escrituras:
·
1 dia – O jejum do Dia da Expiação
·
3 dias – O jejum de Ester (Et 4.16) e o de Paulo (At 9.9);
·
7 dias – Jejum por luto pela morte de Saul (I Sm.31.13);
·
14 dias – Jejum involuntário de Paulo e os que com ele estavam no navio
(At 27.33);
·
21 dias – O jejum de Daniel em favor de Jerusalém (Dn 10.3);
·
40 dias – O jejum do Senhor Jesus no deserto (Lc 4.1,2);
OBS: A Bíblia fala de Moisés (Ex 34.28) e Elias (1 Re 19.8) jejuando períodos
de quarenta dias. Porém vale ressaltar que estavam em condições especiais, sob
o sobrenatural de Deus. Moisés nem sequer bebeu água nestes 40 dias, o que
humanamente é impossível. Mas ele foi envolvido pela glória divina. O mesmo se
deu com Elias, que caminhou 40 dias na força do alimento que o anjo lhe trouxe.
Isto é um jejum diferente que começou com um belo “depósito”, uma comida
celestial. Jesus, porém, fez um jejum normal com esta duração.
Muitas pessoas erram ao fazer votos ligados à duração do jejum… Não
aconselho ninguém fazer um voto de quanto tempo vai jejuar, pois isso te
deixará “preso” no caso de algo fugir ao seu controle. Siga o conselho bíblico:
“Quando
a Deus fizeres algum voto, não tardes em cumpri-lo; porque não se agrada de
tolos. Cumpre o voto que fazes. Melhor é que não votes do que votes e não
cumpras”. (Ec 5.4,5).
É importante que haja uma intenção e um alvo quanto à duração do jejum
no coração, mas não transforme isto em voto. Já intentei jejuns prolongados e
no meio do caminho fui forçado a interromper. Mas também já comecei jejuns sem
a intenção de prolongá-lo e, no entanto, isto acabou acontecendo mesmo sem ter
feito os planos para isto.